sábado, 1 de outubro de 2016

Lendas: Nkisi Nzumbarandá
 (A briga com Nkosi)


No início dos tempos, os pântanos cobriam quase toda a terra. Faziam parte do reino de Zumbarandá e ela tomava conta de tudo como boa soberana que era. Quando todos os reinos foram divididos por Olorun e entregues aos orixás, uns passaram a adentrar nos domínios dos outros e muitas discórdias passaram a ocorrer.

E foi dessa época que surgiu esta lenda. Nkosi precisava chegar ao outro lado de um grande pântano. Havia uma séria confusão ocorrendo e sua presença era solicitada com urgência. Resolveu então atravessar o lodaçal para não perder tempo. Ao começar a travessia, que seria longa e penosa ,ouviu atrás de si uma voz autoritária:

– Volte já para o seu caminho rapaz!

Era Zumbarandá, com sua majestosa figura matriarcal, que não admitia contrariedades.

– Para passar por aqui tem que pedir licença!

– Como pedir licença? Sou um guerreiro, preciso chegar ao outro lado urgente. Há um povo inteiro que precisa de mim.

– Não me interessa o que você é, e sua urgência não me diz respeito. Ou pede licença ou não passa. Aprenda a ter consciência do que é respeito ao alheio.

Nkosi riu com escárnio:

– O que uma velha pode fazer contra alguém jovem e forte como eu? Irei passar e nada me impedirá!

Zumbarandá imediatamente deu ordem para que a lama tragasse Nkosi para impedir seu avanço. O barro agitou-se e, de repente, começou a se transformar em um grande redemoinho de água e lama. Nkosi teve muita dificuldade para se livrar da força imensa que o sugava. Todos os seus músculos retesavam-se com a violência do embate. Foram longos minutos de uma luta sufocante.

Conseguiu sair. Entretanto, não conseguiu avançar e, sim, voltar para a margem. De lá gritou:

– Velha feiticeira, você é forte, não nego. Porém, também tenho poderes. Encherei esse barro que chamas de reino com metais pontiagudos e nem você conseguirá atravessá-lo sem que suas carnes sejam totalmente dilaceradas.

E assim fez. O enorme pântano transformou-se em uma floresta de facas e espadas que não permitiriam a passagem de mais ninguém. Desse dia em diante Zumbarandá aboliu de suas terras o uso de metais de qualquer espécie. Ficou furiosa por perder parte de seu domínio mas, intimamente, orgulhava-se de seu trunfo:

– Nkosi não passou!
Mikaiá



Mikaiá, Kokueto, Kaya e Kayala saõ nomes para uma mesma Divindade, a dona dos mares e das cabeças, que para os Yorubás seria Yemanjá.
Mikaia, Nkaia ou Kaia(la) – Senhora das águas. Nível mitológico das sereias. Das grandes mães mitológicas, Juntamente com Ndanda Lunda e Kisimbi se tornam a mãe d’água.
Mikaya é um dos Nkisses mais importantes porque ela reperesenta o equilíbrio psiquico.
A parte do corpo regida por Mikaya é a cabeça.
Seu elemento é a água.
Ela é a guardiã das águas do mar, onde, a parte mais profunda das águas é guardada porMikaya que é a mais velha;
Kokueto, a mais nova e guerreira é a guardiã das pedras e o quebrar das ondas.
Kayala é a guardiã das areias e das espumas das ondas.
Essa Divindade é vaidosa, é a mãe, a mulher acolhedora, que cuida dos filhos, não somente dos filhos que saíram de seu ventre, mas também seus flhos de criação.
Mikaya criou os filhos de Zumbá, ela é mãe de criação de Kavungo, Angoro…
Ela é Mameto Mutuê, a mãe de todas as cabeças.
Mikaiá é sempre reverênciada nas obrigações de Angola, pois assim como Yemanjá no Ketu, ela é a mãe de todos.
Informações:
Cores: Prata ou Azul.
Dominio: Mares e Cabeças.
Regente: A parte psiquica.
Dia da semana: Sábado.
Pedra: Cristal.
Elemento: Água.
Kizila: Pimenta.

N'Dandalunda 




Numa certa manhã, vinha de cabeça baixa e muito triste uma Kerere, lamentando-se «estou fraca, estou fraca, estou fraca!».

Resolveu saciar a sede num riacho. Lá deparou-se com uma linda mulher que se banhava e coquete 
como só ela sabia começou a pintar-se.

Kerere quando viu aquilo admirou-se: era Dandalunda, aquela que dá brilho às jóias e se banha e pinta antes mesmo de cuidar dos filhos…

Dandalunda quando percebeu a tristeza daquela ave perguntou-lhe:- Porque é essa tristeza Kerere?

Kerere respondeu-lhe:

- Entre os meus pares eu sou a mais feia!

Naquela época Kerere era toda preta…

Dandalunda então pediu para Kerer se aproximar. Ela pegou em osum e pintou o seu bico; depois com osum vermelho os brincos. Depois com waji tornou as penas azul escuro e com efum fez as pinturas brancas. E continuou a pintar Kerere. Esta ao ver a sua imagem no abebé de Dandalunda saiu correndo de tanta felicidade cantando “Kuéim, kuéim, kuéim”.

Dandalunda que ainda não tinha terminado de pintar Kerere pediu a Kakulu, divindade dos gémeos para que corresse a trás de Kerere e a trouxesse de volta pois não tinha pintado o seu peito.

Kerere lá voltou e pediu para que Dandalunda ao invés de pintar o peito lhe desse um colar.

Dandalunda fez-lhe a vontade e ofereceu-lhe um colar em forma de coroa que Kerere carrega até hoje… e entre os seus pares é a mais linda de todas…

Tempos depois Kerere voltou e tornou-se o primeiro ser que “tomou” obrigações por aquela que é capaz de modificar todos com a sua doce magia encantada.

Kerere, o primeiro ser raspado, adornado e pintado por Dandalunda… e é por este motivo que quando um Kerer é sacrificado temos que tirar este colar em forma de coroa e coloca-lo em evidência!

…. Kerere é também conhecida por Konquem, “Tô” fraco, E tu ou Galinha de Angola

Tat'etu Kambaranguanje

Tat'etu Kambaranguanje aglutinação de Kamba ria nganga ajê - Um Santo amigo firme (como as pedreiras), “O Senhor da Justiça ...